É inegável o crescimento
exponencial da atividade dos influenciadores digitais em todas as áreas do
mercado. Desde o segundo semestre de 2020 a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades
dos Mercados Financeiro e de Capitais) tem monitorado a atuação dos
finfluencers, assim conhecidos os influencers digitais de finanças, concluindo
que o número de seguidores desses perfis quase triplicou, passando de 74
milhões apontados no início da pesquisa para 176 milhões no primeiro semestre
de 2023.
Por um lado, o
crescimento é positivo, podendo ser considerado como uma forma de democratizar
o acesso ao mercado financeiro e difundir informações capazes de contribuir
para uma melhor educação financeira dos brasileiros. Por outro lado, há uma
preocupação das entidades reguladoras, afinal é necessário que as informações
repassadas ao público sejam confiáveis e de qualidade, principalmente se
considerarmos que o Brasil é um país com índice baixo em educação financeira e
alto em endividamento.
Ainda, em razão do alto
risco que a má atuação dos finfluencers pode trazer ao mercado financeiro, a
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), em novembro de 2023, iniciou uma
consulta pública, de natureza conceitual, visando discutir acerca da atuação de
influenciadores digitais no âmbito do Mercado de Capitais.
Neste caso, a consulta
pública não está associada a uma minuta de resolução específica, mas sim tem
como objetivo receber ponderações e comentários do público sobre possíveis
opções regulatórias a serem consideradas em relação à elaboração de regulação
prevendo obrigações e responsabilidades aos agentes regulados ao contratarem ou
atuarem como influenciadores, bem como ao disseminarem informações por meio de
plataformas de mídias e redes sociais.
Segundo Antonio
Berwanger, Superintendente de Desenvolvimento de Mercado da CVM, "proteger
o investidor e fomentar a atuação dos influenciadores digitais com regras
claras de transparência e que não induzam o investidor em erro é fundamental
para a credibilidade e higidez do mercado.”
Em resposta à consulta
da CVM, a ANBIMA encaminhou diversas sugestões para a regulamentação da atuação
dos finfluencers, como, por exemplo, a necessidade de definição de forma mais
clara dos limites entre o que é opinião desses profissionais nas redes sociais
e o que são análises e recomendações de produtos financeiros.
De acordo com Luiz
Henrique Carvalho, gerente executivo de distribuição da ANBIMA, “apenas
profissionais certificados podem fazer análises ou recomendações de produtos ou
serviços financeiros. Mas nem todos os influenciadores têm essas qualificações.
Eles podem dar uma opinião, que pode ser interpretada como recomendação ou
análise. O limite entre as duas coisas é muito tênue. É importante dar mais
clareza, do ponto de vista regulatório, para essa linha que divide as duas
coisas”
Além disso, a ANBIMA
sugeriu que haja uma diferenciação entre o trabalho dos influenciadores
contratados por instituições reguladas em relação àqueles que são remunerados
pelas próprias plataformas digitais em que disponibilizam seus conteúdos.
Portanto, o mercado
financeiro brasileiro está se encaminhando para um cenário de maior segurança
para os investidores, onde a atuação dos finfluencers poderá ser regulamentada.
Bianca Assumpção Wosch -
advogada do escritório Alceu Machado, Sperb
& Bonat Cordeiro Advocacia na área do Direito Civil e Empresarial.
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